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'Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma'-Lavoisier***********************************************'Posso não concordar com o que dizes mas lutarei para que o possas sempre dizer' - Voltaire
Falar de poesia não é fácil, muito menos quando se trata de poesia popular. O terra a terra e a sua originalidade dão-lhe uma alma indiscritível.
Como em todas as artes, existem intérpretes que se destacam, quer pela sua forma de estar e de viver quer pela sua obra.
Muitos há no entanto, que vão caindo no esquecimento, não pela sua menor qualidade mas porque a poesia popular muitas vezes precisa de uma mão amiga que a leve aos grandes palcos.
Um dos maiores poetas populares deste século, foi sem dúvida Carlos Conde, nascido na Murtosa ( Aveiro ) em 1901, foi viver para Lisboa muito cedo e desde logo os seus versos foram adaptados ao Fado e interpretados por grandes valores da Canção Nacional ( Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, Fernando Mauricio, Maria da Fé, Alfredo Marceneiro, etc... ).
Não esqueçamos que é Carlos Conde que em 1939 no então famoso Restaurante “Luso” em Lisboa, apresentou pela primeira vez aquela que viria a ser uma das mais consagradas fadistas deste século. Para além dos inúmeros diplomas que conquistou em Jogos Florais de norte a sul do país, onde as suas quadras eram rainhas. Sendo também colaborador assíduo dos jornais “Guitarra de Portugal” e “Ecos de Portugal”.
Apesar dos vícios e virtudes da capital nunca esqueceu a sua terra natal, que em dada altura ao descrevê-la revela toda a sua alma poética:
“... Emanado de uma pitoresca terriola da Beira Litoral onde os meus sentidos ficaram para sempre e onde de tempos a tempos os meus olhos vão beber o sol daquela aldeia, onde a minha alma vai comungar no verde-esmeraldino das campinas verdejantes. Com que meditação eu contemplo a casinha de telha vã, aquele monumento de humildade que foi dos meus avós e que eu quero que seja dos meus netos...”
São poetas populares como Carlos Conde, que nos embelezam a alma e enriquecem a nossa tradição e cultura portuguesas, merecendo por isso todo o nosso carinho e admiração.
Paulo Conde - Correio da Manhã; Vale do Tejo; - 1999