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'Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma'-Lavoisier***********************************************'Posso não concordar com o que dizes mas lutarei para que o possas sempre dizer' - Voltaire
Em breves palavras pretende-se apenas dizer que, não é necessário ser mulher e muito menos engravidar, para ter consciência de que o direito à vida é imprescindível e inviolável pelo menos para aqueles que o respeitam.
No entanto, mesmo que atenuemos este conceito, com o facto de existir a titulo excepcional, a possibilidade do aborto ser permitido, nos difíceis casos em que a defesa de uma vida coloque outra em risco, não é motivo suficientemente forte para lhe retirar a génese.
Porém, atendendo a que, todos os que não respeitam o direito à vida, também têm direito a ela, não vejo por isso, tratando-se unicamente de uma questão de consciência, motivo para não se despenalizar o aborto, de forma a que possa ser realizado com o mínimo de dignidade e de acordo com os direitos humanos.
Mas atenção! Quem o pretender fazer, deverá pagá-lo do seu bolso, sob pena dos outros contribuintes que prezam os bons costumes e respeitam o direito de nascer, virem a financiar um orbe nacional de promiscuidades.
Paulo Conde - A Capital; Correio da Manhã - 2004
Sabe-se apenas que 2004 é o novo ano que ora entra, toda a restante identidade só a desvendaremos consoante o declinar de cada dia. No entanto, existem sempre os prognósticos optimistas e pessimistas, se por um lado uns acreditam num ano sorridente, com melhoria das condições de vida em todas as suas vertentes, outros há que o auguram mais carrancudo, sem capacidade para ser melhor que o velho 2003.
Ora, após esta singela e sucinta abordagem ao tema em questão, apetece-me divagar um pouco sobre o actual estado da humanidade:
- Não creio que 2004 venha a ser um ano optimista ou pessimista, mas sim, mais do mesmo, aquilo a que eu chamo um ano remendado. Há décadas que o caminho da humanidade está errado, sem que ninguém tenha a coragem suficiente para o inverter. O mundo actual não foi feito para nós, já que nasceu de erros da nossa razão e da nossa ignorância. Enquanto criarmos tecnologia para nos substituir ao invés de nos servir, estaremos a cavar cada vez mais, o fosso que nos separa da natureza e como não aplicamos a nossa ciência em prol do nosso próprio conhecimento, não nos conhecemos, não sabemos quem e o que somos e deixaremos de ter capacidade para usufruir a nossa própria criação.
A civilização chegou ao início do seu declínio, mas pode desde já, ciente dos seus erros, iniciar uma profunda transformação de valores morais, sociais e científicos e não com simples remendos e soluções de circunstância.
É estritamente necessário combater a infecção e não apenas atenuar a dor!
Precisamente por estar a sobrevivência da humanidade em causa, desejo que 2004 seja o antibiótico sanador das chagas da nossa civilização!
Paulo Conde - A Capital - 2004
É o descalabro! Um país inteiro em ruína moral. Um verdadeiro “patricídio”! Esta pátria oitocentista foi morta a sangue frio, sem o mínimo remorso ou pena, sem um laivo de respeito, à memória dos que a edificaram em busca de um sonho e de uma identidade própria.
Hoje os “patricídas” que a liquidaram, são idolatrados por um povo sedento de sangue, de curta memória e sem identidade. Já dizia Alexis Carrel “São sobretudo a fraqueza intelectual e moral dos chefes e a sua ignorância que põe em perigo a nossa civilização”. E ainda ele não sabia, que esses ignorantes, seriam capazes de sugar imposto a dádivas de solidariedade!.
Não contem comigo p’ra fazer parte desse conluio, porque tenho um país a defender que se chama Portugal!
Paulo Conde - Correio da Manhã; A Capital - 2003
O Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, ao vetar a alteração à lei-quadro que permitia a ascensão de Fátima e Canas de Senhorim a concelho demonstrou, não só um enorme sentido de estado, mas também uma respeitável coerência, algo que os pseudo-politicos de hoje não têm.
A proposta de lei, que o pior governo democrático eleito até à data pretende fazer passar, não é mais que atentatória e lesiva do direito constitucional, descriminando os cidadãos e elaborada em “cima do joelho” à medida das irresponsáveis promessas eleitorais e dos caprichos de um primeiro-ministro que nunca o deveria ter sido, pautando-se em todo o trajecto político pela incoerência e demagogia. Resta-nos aguardar que a história se encarregue de o demonstrar e que o Dr. Jorge Sampaio vá fazendo prevalecer o sentido de estado à ignomínia politica.
Paulo Conde - Correio da Manhã; A Capital; Diário de Noticias - 2003
Um destes dias, sentado a uma mesa de café com alguns reformados (sempre tive curiosidade em ouvir os mais idosos), escutei algo de muito pertinente tendo em conta o actual panorama da sociedade portuguesa.
Diziam estes sábios, formados na escola da vida, que a sociedade dos nossos dias é uma pouca-vergonha, já não há respeito por ninguém, nem o mínimo de segurança para qualquer cidadão circular livremente.
Até aqui, se retirarmos aqueles que só têm vista p’ra fingir que não são cegos , não é nada que qualquer português minimamente interessado e atento ao que por cá se vai passando, não concorde.
Impávido fiquei, quando um dos reformados faz a seguinte afirmação:
- “ Do que isto precisava não era de um Salazar, mas de dez iguais a ele para pôr toda esta malandragem na ordem. Sofri na pele o seu regime, lutei contra ele de cravo na lapela, mas hoje isto ainda está pior”.
Afirmação a que os outros aquiesceram!
Eu que nunca conheci tal figura a que se referira o dito reformado, senão dos manuais de História de Portugal e que na altura da revolução dos cravos frequentava o ensino primário, obviamente não podia nem deveria fazer quaisquer juízos de valor e limitei-me a escutar. Porém, afirmo com forte convicção que, sem Respeito nem Segurança, nunca poderão existir Liberdade e Democracia!
Paulo Conde - Correio da Manhã; Diário de Noticias; A Capital - 2003
Caros concidadãos, quem disse que Portugal está em crise? Quem é que neste momento é capaz de proferir tal calúnia?
Com apenas três exemplos, demonstra-se facilmente que a tese de crise não tem qualquer fundamento, senão vejamos:
1º - O país é um dos maiores produtores de leite, que se dá ao luxo de ser multado por produzir demais, esquecendo-se que tem de consumir algum deste precioso liquido, aos pobres irmãos europeus. É bem feito, há que instruir as “senhoras vacas” a não darem tanto leite.
2º - A “Desemprego S.A”, uma das maiores empresas nacionais, que neste momento já ultrapassou largamente os trezentos mil funcionários, prepara-se para até final do ano aumentar os seus quadros, tendo inclusivamente tomado medidas para regularizar os salários em atraso. Aqui está uma prova de investimento na mão-de-obra nacional.
3º - Por fim, vão finalmente ser aumentados os militares, é pena que seja só 30% mas é melhor que nada, não vá o boato de crise tornar-se verdade e depois quem tem armas é que manda!
Paulo Conde - A Capital; Correio da Manhã; Diário de Noticias 2003
É de louvar a iniciativa denominada “Histórias do fado” levada a cabo pelo jornal A Capital que suscitará decerto, o interesse de muitos e esclarecerá dúvidas de outros em relação à canção nacional.
No entanto, parecem-me permentes, algumas considerações cujo teor, embora isento de pormenores, não pode nem deve ser ignorado, sob pena do fado cair numa modorra febril.
Quando alguém imiscuido no meio fadista, afirma que nos ultimos anos se tem assistido a uma renovação nas letras e nos poemas de fado, é bom que se saiba, que hoje em dia, escasseiam os letristas e poetas populares a escreverem com qualidade para o fado. Nem sequer se pode entender como renovação, o facto de se cantarem poemas do Camões ou do Pessoa, já que estes nunca escreveram para o fado.
O que aconteceu, é que alguns que se intitulam fadistas, ( Há quem afine a garganta / p’ra que alguém por faia o tome, / mas o fado que ele canta / de fado, só tem o nome. ) aproveitaram-se da incursão de Amália pelos poetas eruditos, para com isso atingirem alguma notoriedade e disfarçarem assim as diversas lacunas artisticas, esquecendo-se porém, que a diva do fado, não necessitou de cantar poetas universitários para se notabilizar. O talento nato da grande Amália afirmou-se, interpretando letras de Linhares Barbosa, Gabriel de Oliveira, Carlos Conde, Armando Neves ou Silva Tavares, alguns dos poetas da escola da vida.
Era a época em que estes letristas, estendiam a mão aos que hoje os criticam, esqueceram o berço, não tinham pão e hoje cospem na sopa.
É por isso, que nunca o fado, como hoje, teve uma estética e uma ética tão pobres, mercê de gente que se vangloria de ter dado a volta ao fado, o que não deixa de ser uma torpe presunção.
Felizmente, embora raros, despontam novos interpretes, que respeitam o fado como canção intimamente popular, interpretando repertórios populares, que qualquer cidadão menos letrado compreende, permitindo assim uma maior comunhão entre o público e o fadista.
É que o poeta popular, no fado, está acima de qualquer outro, não só porque respeita rimas e métricas e não usa todo o vocabulário, mas acima de tudo ( ao contrário dos que sem qualquer talento nato se obrigaram a ser poetas ) aprendeu a escrever na universidade da vida.
Conclui-se assim, que os que se dizem renovadores, não são mais que sombras ténues daquilo que se intitulam, em relação aos quais, o fado e o tempo se encarregarão de apagar da história. Até se podem reunir no CCB, ridicularizarem-se com o “fado-jazz”, mas façam um favor ao país; Não chamem nomes ao fado!
Paulo Conde - A Capital - 2002
Eu já acreditava em quase tudo, mas desde o momento em que vejo um senhor, que outrora embandeirava as cores do MRPP, a defender no governo as cores do Dr. Sá Carneiro, coadjuvado por um jornalista, que, passe a expressão, fez a “folha” ao Prof. Cavaco, passei a acreditar em tudo, mais ainda, leva-me a concluir que a coerência deixou de ser um principio para passar a ser uma conveniência.
Perante tal absurdo, a triste promessa da senhora das finanças em baixar o IVA de 19 para 17 por cento até 2004 ( cumprindo assim a promessa eleitoral de baixar os impostos ) e a recente falta de coragem e de sentido politico em relação a Barrancos, não alterando nem fazendo cumprir a lei, mas sim, abrindo uma excepção para os touros de morte criando duas classes de sanguinários, os de 1ª e os de 2ª, perante tal absurdo, dizia eu, tudo o resto é irrelevante.
Por enquanto as portas ainda duram, mas já começam a abrir fendas e quando racharem de vez, não haverá quem aguente tanta corrente de ar nos corredores do Parlamento.
Paulo Conde - Correio da Manhã; A Capital - 2002
Com a entrada em 2002, conclui-se mais uma etapa na dissolução da nossa identidade.
Após o aniquilamento da produção nacional, atraiçoamos o escudo, e no futuro, perante estes precedentes, enterraremos a língua, o hino e a bandeira para bem do federalismo. Aliás, neste momento, após a entrada em circulação da nova moeda, o escudo na bandeira nacional deixa de fazer sentido.
Em face desta ultima moda, o custo de vida já foi inflacionado ( ajustamento de preços ) e a qualidade de vida continua de rastos, em relação aos parceiros europeus, que ao contrário de Portugal, primeiro arrumaram a casa.
Mas enfim, ganhámos o estatuto de eurodependentes e porque dizem que o euro é “milagreiro”, as peregrinações num futuro próximo, irão ter como destino – Bruxelas!
Inicia-se assim, mais um capitulo da hipocrisia democrática, onde pouco ou nada se escolhe e tudo nos é imposto.
Simbolicamente, já que tal “benesse” foi concedida, usarei o escudo até ao ultimo dia da sua vida, só porque ainda me curvo perante a bandeira das “quinas” e na minha casa, por enquanto, ainda só entra quem eu quero!
Paulo Conde - Correio da Manhã; A Capital; Diário de Noticias 2002
O país que tem 2 milhões de cidadãos a viverem abaixo do limiar da pobreza, está prestes a eleger por mais quatro anos os seus órgãos autárquicos.
De freguesia em freguesia, ultimam-se preparativos e esgotam-se argumentos, para atrair os eleitores às urnas no dia 16 de Dezembro.
Apesar dos ventos, ultimamente, não soprarem de feição à classe política, a táctica utilizada parece ser eterna, um rol de boas intenções que são intensamente publicitadas, enchendo as paisagens de papel, sonorizando as ondas hertzianas ou lotando em tempos de antena, a caixa que mudou o mundo.
A todo este esbanjar de dinheiro, os cidadãos ultimamente têm respondido com a abstenção, que a meu ver, não será a melhor forma de demonstrar o descontentamento para com a classe política, já que os políticos neste caso, se refugiam numa série de argumentos para justificarem a não afluência às urnas. É por isso, que todos os cidadãos eleitores que pretendem utilizar a abstenção, como forma de insatisfação, a devem substituir pelo voto em branco, já que desta forma, cumprem o dever cívico e retiram à classe política qualquer tipo de argumentação. Que diriam eles a 40% de votos em branco em vez de 40% de abstenção?
Decerto que alterações profundas teriam que ser ponderadas e algo mais teria que ser feito, do que simples propaganda.
Será bom reflectir tudo isto, já que o dia 16 se aproxima e de norte a sul do país importantes decisões irão ser tomadas, quer se vote muito ou pouco.
No entanto o mais importante é votar conscientemente, apelando ao bom senso, mesmo que a vontade de mudança nalguns concelhos do país seja forte, pois a inexistência de alternativas sérias e credíveis, aconselha a que se aguente um pouco mais a miséria ao invés de cair em desgraça.
Paulo Conde - Correio da Manhã; A Capital; Jornal Público; Jornal Vale do Tejo - 2001