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'Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma'-Lavoisier***********************************************'Posso não concordar com o que dizes mas lutarei para que o possas sempre dizer' - Voltaire
No dia 10 do corrente mês, dirigi-me à estação dos CTT da minha área de residência, no intuito de efectuar o chamado pagamento a terceiros, prática aliás, que faço mensalmente. A quantia a liquidar no Aviso/Recibo era de 303,49€. Por necessidades inerentes à gestão das minhas finanças pessoais, entreguei na referida estação de correios, para liquidação da respectiva quantia, um cheque no valor de 291,34€ e os restantes 12,15€ em moeda.
Indignado fiquei, quando o chefe desta entidade pública recusou esta forma de pagamento, justificando que tal prática não era aceite, escusando-se a fundamentar esta estranha recusa, quando lhe foi solicitado que facultasse o artigo ou norma que legitima tal atitude, limitando-se a dar verbalmente, justificações inócuas sem qualquer base legal ou normativa.
Apercebi-me apenas, pelas suas parcas palavras, que esta suspeita recusa, tende fundamentalmente, a evitar possiveis devoluções de cheques sem provisão. Um estranho argumento que, não só engrandece o vazio da explicação, como também levanta prematuras suspeitas, sob os cidadãos contribuintes, que neste caso, mercê do pagamento de impostos, são também a entidade patronal.
Manda a ética profissional, que os responsáveis pelas instituições de serviço público, prestem para além de um digno serviço, fundamentados e transparentes esclarecimentos, que lhes sejam solicitados. Neste caso concreto, sobressaiu uma questão:
Onde estão as normas dos CTT ?
Paulo Conde - Jornal Vale do Tejo - 2002
O país que tem 2 milhões de cidadãos a viverem abaixo do limiar da pobreza, está prestes a eleger por mais quatro anos os seus órgãos autárquicos.
De freguesia em freguesia, ultimam-se preparativos e esgotam-se argumentos, para atrair os eleitores às urnas no dia 16 de Dezembro.
Apesar dos ventos, ultimamente, não soprarem de feição à classe política, a táctica utilizada parece ser eterna, um rol de boas intenções que são intensamente publicitadas, enchendo as paisagens de papel, sonorizando as ondas hertzianas ou lotando em tempos de antena, a caixa que mudou o mundo.
A todo este esbanjar de dinheiro, os cidadãos ultimamente têm respondido com a abstenção, que a meu ver, não será a melhor forma de demonstrar o descontentamento para com a classe política, já que os políticos neste caso, se refugiam numa série de argumentos para justificarem a não afluência às urnas. É por isso, que todos os cidadãos eleitores que pretendem utilizar a abstenção, como forma de insatisfação, a devem substituir pelo voto em branco, já que desta forma, cumprem o dever cívico e retiram à classe política qualquer tipo de argumentação. Que diriam eles a 40% de votos em branco em vez de 40% de abstenção?
Decerto que alterações profundas teriam que ser ponderadas e algo mais teria que ser feito, do que simples propaganda.
Será bom reflectir tudo isto, já que o dia 16 se aproxima e de norte a sul do país importantes decisões irão ser tomadas, quer se vote muito ou pouco.
No entanto o mais importante é votar conscientemente, apelando ao bom senso, mesmo que a vontade de mudança nalguns concelhos do país seja forte, pois a inexistência de alternativas sérias e credíveis, aconselha a que se aguente um pouco mais a miséria ao invés de cair em desgraça.
Paulo Conde - Correio da Manhã; A Capital; Jornal Público; Jornal Vale do Tejo - 2001
Já que a grande maioria da comunicação social, menospreza os valores culturais deste país, não comparecendo, nem fazendo referência a eventos que perpetuam a nossa cultura, decidi, embora em causa própria, vestir a pele de jornalista e partilhar, com os ainda inumeros cidadãos que abraçam os nossos valores culturais, o seguinte evento:
No dia 3 de Novembro de 2001, no Centro Cultural de Benavente, prestou-se homenagem àquele que foi o mais popular dos poetas populares ( Carlos Conde * ).
Umas semanas antes, tinham começado os ensaios com os fadistas da região, que iriam interpretar letras do homenageado. No dia do evento, correu tudo como o previsto, magnifica decoração do palco, excelente organização na apresentação do espectáculo a cargo de Domingos Lobo e Leonor Gonçalves e brilhante actuação dos artistas ( Carlos Cachulo, Feliciano Martins, Gena, Marco Alexandre, Vânia Duarte, Mário Coelho, João Viana, Francisca Filipe, João Foguete, Elisa Viana, Vítor Conde e o consagrado fadista convidado Nuno Aguiar ).
As vozes eram unanimes, em todas as vertentes a noite foi exemplar, acontece no entanto, que algo imprevisto aconteceu, o salão do Centro Cultural encheu, com quase trezentas pessoas a excederem o numero de cadeiras da lotação da sala!
Pois é, o imprevisto excedeu as expectativas e só perdeu quem não foi, porque mais uma vez o Fado saiu vencedor, não na hipócrita guerra das audiências, mas no sentimento da cultura portuguesa!
Paulo Conde - Jornal Vale do Tejo - 2001
Há cerca de dois anos, surgiram diversas iniciativas e acções conjuntas por parte da população samorense, tendo em vista a criação do Ensino Secundário, nesta terra que o rio Almansor viu crescer.
A enorme celeuma criada em torno do assunto, quer por parte da população, responsáveis do ensino e até autarquia, culminou após diversas reuniões e assembleias, com a criação na Escola C+S de João Fernandes Pratas do intitulado 10ºAno com uma turma da área de Artes.
Ora, como facilmente se previa, a iniciativa saiu gorada, mais uma vez porque alguns dos que se apresentaram como defensores do projecto, conseguiram iludir a população, tendo como únicos objectivos a promoção pessoal e o aproveitamento político, delegando para segundo plano o desenvolvimento de Samora Correia.
O Ensino Secundário nesta terra, ao contrário do que afirmaram, não acabou, porque como é obvio, não se pode acabar com algo que nunca começou. O que chamaram de Ensino Secundário, não passou de uma manobra política para acalmar as hostes e manter o eleitorado sereno.
Por isso, para dar a Samora todas as condições de Ensino que ela merece é necessário contribuir para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos, não só pela formação para o sistema de ocupações socialmente úteis, mas ainda pela prática e aprendizagem da utilização criativa
dos tempos livres, descentralizando e diversificando as estruturas e acções educativas, de modo a proporcionar uma correcta adaptação às realidades, um elevado sentido de participação das populações, uma adequada inserção no meio comunitário e níveis de decisão eficientes, para tudo isto, basta que retirem das gavetas os estudos elaborados com imparcialidade, rigor e bom senso, os ponham em prática e lutem por eles até ao fim, porque a educação não pode estar ao serviço de ninguém, mas sim, para educar e servir a todos. Quero fazer um apelo a todos os jovens estudantes, porque são todos vós, mais do que ninguém os obreiros do futuro, e ele começa já hoje, como tal, não deixem que decidam por vós, reclamem pelos vossos direitos e pelas infra-estruturas de ensino que tanto merecem.
Paulo Conde - Jornal Vale do Tejo - 2001
O mais recente projecto denominado de A13 – Auto Estrada Almeirim/Marateca, sublanço Salvaterra de Magos/A10/Santo Estêvão, revela-se de extrema importância para o desenvolvimento do concelho de Benavente, caso sejam contrariadas as actuais intenções da empresa Brisa, que poderão colocar em risco as acessibilidades e o consequente isolamento da maior fatia do concelho.
Estando a decorrer no Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território o processo de Avaliação de Impacte Ambiental do referido projecto e que o estudo prévio para o sublanço da A13 contempla três soluções alternativas para o traçado, não se compreende ao analisar os argumentos inerentes, como é que a denominada Solução A, claramente vantajosa em todos os aspectos, foi preterida.
No entanto nada está perdido, se toda a população se unir na defesa dos seus interesses e lutar pela solução que segue as directrizes do Plano Rodoviário Nacional contemplado no PDM de Benavente e que contempla nós de acesso à EN 118 e EN10 na Área Industrial de Benavente e Arados-Zona Industrial da Murteira, respectivamente.
É a solução que dá resposta às expectativas económicas criadas na Zona Industrial da Murteira e de Vale Tripeiro bem como ao crescimento demográfico e empresarial na zona de Samora Correia e Porto Alto.
É esta a solução para o descongestionamento da EN 118 e EN 10 e das acessibilidades locais, com o reforço de ser a que em termos ambientais apresenta impactes negativos menos relevantes.
Como é fácil depreender, o que está em jogo é demasiado importante para o futuro de todas as freguesias do concelho de Benavente, como tal, há que pôr de lado as divergências que muitas vezes nos afastam e centralizar todas as forças políticas, económicas e sociais na defesa dos interesses dos cidadãos que somos todos nós e que todos os dividendos a retirar deste empenho sejam os do desenvolvimento e qualidade de vida.
Por isso está dado o mote, para que principalmente, as forças políticas venham para o terreno alertar os cidadãos para os possíveis perigos da A13, se os intentos da Empresa Brisa se concretizarem e cativá-los a participarem em acções de protesto e de repúdio, pela forma como os interesses de toda uma comunidade estão a ser desprezados.
Paulo Conde - Jornal Vale do Tejo - 2001
É com alguma preocupação que encaro o novo milénio, não por qualquer superstição ou fatalismo, mas sim por factores sócio-económicos, que se estão a alterar algo bruscamente, podendo com isso afectar o panorama social de uma forma irreversível.
Por todo o mundo assiste-se a fusões entre diversos grupos económicos, tentando monopolizar as suas áreas de actuação, deixando um rasto de despedimentos em série e encurtando a concorrência de mercado que tanto beneficia o cidadão comum.
O lema é “ Junta-te ao mais forte para dizimar o mais fraco”, procedimento que até agora tem tido êxito, perante a passividade dos governos, que vêem nisso a galinha do ovos de ouro, esquecendo-se que hoje em dia o poder económico centralizado é tão ou mais poderoso que o poder militar.
Que impacto social terá tudo isto? Não sei, mas não auguro nada de bom. Resta-nos esperar e rezar para que cada um de nós faça parte do “bolo” senão, nem com as migalhas ficamos.
Paulo Conde - Correio da Manhã; Vale do Tejo - 2000
Falar de poesia não é fácil, muito menos quando se trata de poesia popular. O terra a terra e a sua originalidade dão-lhe uma alma indiscritível.
Como em todas as artes, existem intérpretes que se destacam, quer pela sua forma de estar e de viver quer pela sua obra.
Muitos há no entanto, que vão caindo no esquecimento, não pela sua menor qualidade mas porque a poesia popular muitas vezes precisa de uma mão amiga que a leve aos grandes palcos.
Um dos maiores poetas populares deste século, foi sem dúvida Carlos Conde, nascido na Murtosa ( Aveiro ) em 1901, foi viver para Lisboa muito cedo e desde logo os seus versos foram adaptados ao Fado e interpretados por grandes valores da Canção Nacional ( Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, Fernando Mauricio, Maria da Fé, Alfredo Marceneiro, etc... ).
Não esqueçamos que é Carlos Conde que em 1939 no então famoso Restaurante “Luso” em Lisboa, apresentou pela primeira vez aquela que viria a ser uma das mais consagradas fadistas deste século. Para além dos inúmeros diplomas que conquistou em Jogos Florais de norte a sul do país, onde as suas quadras eram rainhas. Sendo também colaborador assíduo dos jornais “Guitarra de Portugal” e “Ecos de Portugal”.
Apesar dos vícios e virtudes da capital nunca esqueceu a sua terra natal, que em dada altura ao descrevê-la revela toda a sua alma poética:
“... Emanado de uma pitoresca terriola da Beira Litoral onde os meus sentidos ficaram para sempre e onde de tempos a tempos os meus olhos vão beber o sol daquela aldeia, onde a minha alma vai comungar no verde-esmeraldino das campinas verdejantes. Com que meditação eu contemplo a casinha de telha vã, aquele monumento de humildade que foi dos meus avós e que eu quero que seja dos meus netos...”
São poetas populares como Carlos Conde, que nos embelezam a alma e enriquecem a nossa tradição e cultura portuguesas, merecendo por isso todo o nosso carinho e admiração.
Paulo Conde - Correio da Manhã; Vale do Tejo; - 1999
O novo Século está aí, a evolução caminha a passos largos, os tempos mudaram, mas o direito á Educação continua e com poderes reforçados pela Lei de Bases do Sistema Educativo aprovada por unanimidade na Assembleia da República. Só que, nos últimos tempos, a Escola cavou um fosso, que a separa cada vez mais dos alunos, em muitos casos por culpa própria, noutros por diversos factores sociais.
Pelo já exposto, a Escola terá que reagir, indo ela de encontro aos alunos, criando todos os meios necessários para dar resposta a uma nova organização da Escola, quer seja no campo dos recursos humanos ( auxiliares de acção educativa e administrativos, equipas multidisciplinares de professores e monitores para a ocupação dos tempos livres ) quer seja no dos recursos físicos ( espaços para o trabalho em grandes grupos, refeitórios, salas para utilizar nos tempos extra-lectivos, entre outros, ligados à dinâmica própria de cada escola ).
Quando falamos de Educação, a palavra presente já é passado, como tal, terá que ser sempre analisada como projecto de futuro e a longo prazo.
A visão retrógada de alguns, terá que ser suprimida, sob pena das futuras gerações pararem no tempo. É no campo dos recursos que a actual Escola Secundária de Benavente mostra não ter capacidade de resposta ( nem muitas outras ), para as necessidades do próprio Concelho, provocando assim, a emigração dos alunos para Concelhos limítrofes com todos os prejuízos inerentes.
É imprescindível que a comunidade tome consciência da sua obrigação em participar construtivamente na Educação, nomeadamente pela apresentação de projectos educativos que justifiquem investimentos no nosso Concelho.
Estamos mal servidos de Ensino Secundário e precisamos de uma Segunda escola, que preencha todas as lacunas da já existente ou em alternativa ( indo erradamente contra a tendência descentralizadora ) a criação de uma única Escola no Concelho, ficando situada onde mais for necessário, ou seja, na zona de maior aglomerado populacional.
Tudo isto em prol dos estudantes e da educação.
O futuro da nossa terra merece soluções e não remendos.
Paulo Conde - Correio da Manhã; Vida Ribatejana; Vale do Tejo - 1999